29 de março de 2009

LUDICIDADE - PARTE 2

Parte 2:

Dando continuidade a diretriz de pesquisa como foi exemplificado o capítulo 1 de Homo Ludens (HUIZINGA, 1938), continuemos nas “particularidades” da pesquisa – os detalhes.
Pegando como gancho, noutro aspecto histórico, temos, por exemplo, o jogo de xadrez que – segundo a lenda mais divulgada (indiana) –, surgiu com o objetivo de entreter um Rei, mas que na verdade tinha algo mais profundo: mostrar que quanto mais rico for o homem, mais pobre ele se torna! Foi desta forma que Sócrates externou para seu a único aluno, Platão: “Só sei que nada sei”.
Busquemos então uma definição etimológica, de modo que não nos distanciemos do que trata de fato o livro Homo Ludens.
Estando o título em latim, é interessante que se faça referência ao seu significado, pois ficaria sem sentido filosofar sobre o conteúdo.
Como esperado: “homo” é uma palavra de origem latim que é relativo ao qual pertence o homem e “ludens”, referente a jogo. Deste modo, podemos ilustrar que “homo ludens” seja: Homem que Joga ou Homem Jogador, ou ainda, Jogos do Homem.
Pela necessidade de delimitação de conceitos, definimos que jogo é uma atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que definem a perda ou o ganho (Dicionário Aurélio Digital 2005).
A grade questão é definir a função primária deste artigo, que é mostrar um ponto de partida para àqueles que pretendem estudar sobre a ludicidade ou algum jogo em particular. Entretanto, os que não têm afinidade com leituras filosóficas aconselhemos dois títulos interessantíssimo que não deixam a desejar (ver blog xadrezdopiaui.blogspot.com): MACEDO, Lino. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005 e LOPES, Maria da Glória. Jogos na educação: criar, jogar e fazer. 6ª ed. – São Paulo: Cortez, 2005.
Mesmo já conceituado “jogo”, necessitamos expandir fazendo uso ainda do Dicionário Aurélio Digital 2005. Então, vejamos que nas diferentes instâncias da cultura humana o termo muda de acordo seu uso e valor moral:
Para a Música, seria a técnica instrumental, a maneira como cada artista se serve dos recursos técnicos próprios ao seu instrumento; ou ainda, conjunto de registros do órgão ou do harmônio.
Na Psicologia, o jogo pode empregado como meio de investigação ou tratamento psicológico, por tanto um recurso, um instrumento.
Para o meio Teatrólogo, uma das mais antigas composições dramáticas da Idade Média, principalmente na Alemanha, França e Espanha, constituída de breves diálogos, cenas ou recitações e representações em praça pública de trovadores e jograis.
E por aí se estendem às dezenas designações sobre o termo “jogo” e suas possíveis práticas, como por exemplo: jogo cênico; jogo da péla; jogo das escondidas; jogo da verdade; jogo da vermelhinha; jogo de azar; jogo de bolsa; jogo de fios; jogo de mímica; jogo de palitinhos; jogo de salão; jogo do bicho; jogos de linguagem; Jogos de prendas; etc.Por seleção e delimitação do tempo, friso que quanto mais específico e específico for seu tratado de sua pesquisa, mais interessante será o conhecimento adquirido. Não adianta metralhar em todas as direções se seu objetivo é um só. Pois, se o fizer, tudo procura e num entanto, nada vai achar...

16 de março de 2009

ONDE INICIO A PESQUISA SOBRE LUDICIDADE?

O JOGO E SUAS DIFERENTES FORMAS CULTURAIS

Jefferson Miranda[1]
Parte 1:

Pesquisando sobre a definição do lúdico e suas influências sobre o homem, esbarrei com leituras que insurgiu desde as concepções mais simplórias (senso comum) às mais filosóficas, como Homo Ludens, de Johan Huizinga (1872 – 1945).
Esta obra data uma publicação do final da década de 30. Em pleno permeio das grandes explorações arqueológicas no Egito e das duas grandes guerras mundiais que o nosso mundo já teve.
Os doze capítulos do livro tratam sobre a essência filosófica do jogo (relativo a lúdico), que se desenrola, iniciando com a comparação da submissão do homem aos deuses até as ações do cotidiano contemporâneo.
Ora, em tempos atuais, para se publicar um livro, o pesquisador “espera” desde o surgimento das últimas linhas até aprovação da editora, um tempo médio de 2 a 3 anos. Sem citar as condições financeiras em que se encontra. Em analogia, agora imagine para essa década: pesquisar, adquirir estudos ou livros afins, elaborar relações entre o estudo e o objetivo almejado, revisar leituras, instigar hipóteses, buscar recursos... Isso tudo a quase 80 anos atrás, numa época em que o computador digital e a web eram meras conjecturas para uso bélico. Por vez, é no mínino intrigante, porque não interessante, o estudo deste autor que desencarnou antes mesmo das bibliotecas digitais ou das salas de bate-papo!
Como seu trabalho trata no âmbito filosófico a definição de jogo e suas relações culturais do homem primitivo ao contemporâneo, sua leitura torna-se um tanto redundante e, às vezes, prolixa. Contudo, Huizinga (1938, p. 3) afirma que “o jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosa, pressupõe sempre a sociedade humana; mas, os animais não esperaram que os homens os iniciassem na atividade lúdica”.
Em seu primeiro capítulo faz uma busca incansável para elucidar a “natureza e significado do jogo como fenômeno cultural”, explorando de deferentes formas as relações do homem e o primitivo, o homem e suas reações com o inexplicável (crenças), os animais e suas formas de brincar; enfim, o homem, o jogo e seus vínculos como função social (HUIZINGA, 1938, p. 6).
Então surge a dúvida: por que desvincular a história da prática?
Ora, é na origem dos detalhes que se obtém o extrato dos fatos! Logo, por parecença, ficaria mais fácil entender a Matemática se nos apegássemos a sua origem, pois nela explica-se que surgiu (Ela) para facilitar o dia-a-dia da humanidade.
Parte 2:
[1] Licenciado em Matemática (UESPI), especialista em Educação Matemática (UFPI), cursando especialização para inclusão no Mestrado em Ciências da Educação (FORUM/LUSÓFONA), professor da rede pública (municipal e estadual, em Teresina), professor da Faculdade Evangélica do Piauí (FAEPI), pesquisador sobre ludicidade e história da matemática